sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Das Coisas Esquecidas


Na porta entreaberta,
Uma brisa poderá entrar...
Poderei ficar cativo de outros carinhos,
De um sentimento inesperado.
Esse coração a muito abandonado
Feito em ruínas,
Ainda guarda pelos cantos algum encanto.
E se animará se um raio de luz chegar
Advinda de alguma fresta de telha
Se esgueirando por acidente, inocente,
Trazendo uma discreta claridade
A escuridão dos vãos,
Aos cantos esquecidos,
Tomados pelo lodo e umidade.

Fábio Murilo, 14.11.2013

O Que Eu Adoro em Ti - Manoel Bandeira

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Das Mágoas do Fogo



A juventude inventa modas,
Inventa nódoas,
Amanhecida a cada segundo.

Qual larva incandescente
Emergente do caos telúrico,
Não há mal, afinal,
Em seu insulto inocente,
Que renova, leva e lava.
Que faz surgir os montes
E faz sumir aos montes.
E faz emergir do nada
Do magma incandescente,
Ilhas verdejantes
Onde, antes, só havia água.

Fábio Murilo, 11.04.2013

Poema de Julien Green - Antônio Abujamra

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Cronológico


As horas,
Senhoras do tempo.
Nós,
Escravos das horas.

Pela manhã
Grita (ordena) o relógio:
Trrriiiimmmmmmmmmmm!!!...
(Acorda tá na hora)
E passa o dia inteiro
Tiquetaqueando ritmado.
Compassando o tempo,
Que passa voaaannnndo!

Vai tempo, vem tempo.
Vai mês, vem ano.
Se desfolha o calendário
Num cronológico outono.

Fábio Murilo

Carta Escrita no Ano 2070

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A Moça do Ponto de Ônibus

 
Tua beleza é inerente,
E ser bela é um exercício
Que cumpres espontaneamente.
E pouco acrescenta a tua beleza
Esse batom inútil,
Pois sendo realmente bonita,
Mais bonita não ficas.
E mesmo vestida de trapo,
Tua beleza se preservaria,
Exótica, como uma flor no charco.
Tua beleza em fogo marcada,
Rês estigmatizada.

Fábio Murilo

Instantes

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Que Nasça a Poesia

Que nasça a poesia, uma por dia.
Que não acabemos o encanto dela,
Mas que ela floresça e nos aqueça.

Como esse sol matinal e ameno
Que pontual não atrasa e não falta,
E seca o orvalho da mata,
Desperta a sinfonia dos pássaros
Pinta de azul o firmamento,
E colore, enfim, toda a natureza.

Que no final do dia, cansado, ainda é mais lindo.
Guerreiro vencido, agonizando,
Manchando o céu vespertino em dores escarlate.
Tombando encantado ao final da tarde,
Afundando no breu da noite num breve adeus.

Parceria Poética: Fábio Murilo/Fernanda Oliveira
Do Blog Inspiração: http://nandamusicpoesia.blogspot.com.br/2013/10/que-nasca-poesia.html#comment-form

Viagem. Marisa Gata Mansa.