sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Retrospctiva


Constato que os anos pararam
Nos anos 60.
Os hippies, Os Beatles, Janis Joplin...
Num presente estéril
Alimentamos sintomático saudosismo,
Vivemos de reprises.
“O sonho acabou”,
O tempo é de completa individualidade
E a vida “rola” sem grandes consequências.
A esperança “tá noutra”,
Pegou um bronze
E anda por ai com uma prancha de surf.
No mais, nada de novo,
No novo tempo infrutífero.

 
Fábio Murilo, 19.04.90

Poema em Linha Reta - Osmar Prado

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Natal


Um anjo mudo anuncia:
- Nasceu um menino magro, amarelo...

Filho de Maria Qualquer
E Jo(Zé) Ninguém.

Entre trapos, baratas e ratos...
Nasceu um menino.

Em algum lugar do mundo,
Em algum lugar imundo,
Em um canto qualquer da cidade.

Feliz Natal - Antônio Abujamra

sábado, 14 de dezembro de 2013

Dos Contratempos


Odeio imprevisibilidades, contratempos,
Tenho meu próprio senso prático, senso trágico.
Pretensão de quem acha que a tudo possui,
De quem a tudo intui, como um vidente do obvio.
De quem tem cada passo calculado,
E anda pisando em ovos, em campos minados.
De quem detesta chuva que cai, na hora que sai,
E se, na hora que vai, abre o guarda-chuva,
Surge do nada um dia ensolarado, contrariado,
Julga algo pessoal, fora do normal,
Uma conspiração universal.
De quem quer empurrar a vida com a barriga,
Ladrão de sua própria tranquilidade, sofre por antecipação.
Que não espera, se desespera, como se faltassem eras.
Que, atônito, em seu temperamento tragicômico,
Receia o inevitável, o inexorável, o incontrolável.
Anseia por um futuro calculável.

Fábio Murilo, 31.05.2013

Por Não Estarem Distraídos–Clarice Lispector

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Parabéns para Mim


O sol raiou do mesmo jeito.
O céu azul sem outro efeito,
Além do azul que é feito.
No ônibus cotidiano
Os mesmos rostos conhecidos
De desconhecidos corpos.
Tudo muito óbvio,
Devidamente acondicionado
Como numa caixa de ovos.
De extraordinário, nada de fato,
Além do fato ordinário
De ser o dia do meu aniversário.

Fábio Murilo, 14.12.2005

Todo Poema de Amor é Revolucionário - Roberto Fernándes Retimar